livro de arte
Azul III (1961)
Juan Miró
269x354cm
Tate Gallery
Londres
terça-feira, 11 de junho de 2019
O olhar-outro de Arquipélago
Quando associados os conceitos livro e arte, três são as combinações mais pensadas: livro de arte (ou seja, um livro sobre arte), livro de artista (neste, a obra do artista é o livro, ela ali está), livro-arte (pode parecer o mesmo que o anterior, mas, neste, forma e conteúdo são de uma indissociabilidade e tudo é obra do artista). A obra Arquipélago (Editora Pubblicato), de Cristiano Sant'Anna, em nossa avaliação é um livro-arte.
É próprio da arte um olhar-outro, o que se vislumbra na obra em questão. Sant'Anna fotografa em preto e branco, o Guaíba, seus arredores, suas ilhas. Esqueça as tradicionais (e até estereotipadas) imagens do "rio" e o por-do-sol, o colorido, o alaranjado e o azul. Parece até que as imagens de Arquipélago estão a mostrar: "sou o que ainda não se viu" (sic), "sou o esquecido, o que é indiferente àqueles que enxergam sem ver"(sic). Aparecem pescadores, suas dores, seu trabalho; o cotidiano e a cena do que está escondido embaixo da tradicional ponte; os barqueiros, as zonas alagadiças. Mas tudo é de uma naturalidade sem poses, sem máscaras e sem artifícios.
Parece até que não tem uma lente e uma máquina entre o fotógrafo e a cena: nos postamos lá a olhar junto ao fotógrafo. Um livro que, superficialmente, pode ser analisado como um documentário dos bastidores, do que acontece antes de comprarmos o peixe que chega às nossas mesas. Poderia ser um livro sobre o diferente, o estranho, o marginal (o que está a margem). Assim, estaríamos em uma posição ensimesmada. Mas não, é um livro sobre o semelhante, porém o semelhante que muitos desejam esconder, disfarçar ou, simplesmente, ignorar. Arquipélago é Porto Alegre, sobre quem faz Porto Alegre para além do espetáculo e do suposto cosmopolitismo.
GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA
MTb 15.241
quarta-feira, 29 de maio de 2019
ARTE PÓS- NONSENSE
E sobre DANÇA???
Falta muita bibliografia.....
Só sabe mesmo quem efetivamente pesquisa sobre ela....
Pesquisa séria claro!!!
Sobre a gênese da dança, sobre suas bases filosóficas..........parece que ninguém mais se preocupa com isso???
Todos só sabem pensar e querer a técnica....o roubo do outro.......a morte....de tudo, principalmente da arte e dos talentos que cada um deveria buscar de si....
Mas tem gente que ainda pensa assim.
O exemplo é o livro de Guilherme (o co-editor deste blog) que está a sair por estes dias (se ninguém nem nada barrar! - afinal já foi revisado, capeado e tudo o mais! - mas, nunca se sabe, a inveja é um mal desnecessário para todas as sociedades - diferente do ciúme que impulsiona a vida, a inveja destrói!).
Olha a capa aí, e aguarde a arte apresentada até mesmo na feitura do texto e disposição das palavras.
Claro que também tem arte no desenho da capa elaborado por mim!
Boa leitura a todos nós (além de bons aprendizados!).
“Termo de Compromisso e condições de uso de reproduções imagéticas” assinado, declaro que sou responsável pelo uso, neste trabalho, das reproduções das imagens deste trabalho. O uso que fizerem de meu trabalho e mesmo de suas imagens (e/ou a vinculação destas com quaisquer escritos/imagens/o que for meus e/ou de outrem), após e/ou durante a disponibilização deste em qualquer sistema, mesmo na internet (e/ou em qualquer meio), é de inteira responsabilidade de quem o fizer e, portanto incorrerá em todas as penalidades previstas em LEI.
VERA MARTA REOLON
MTb 16.069
Design de capa by@VeMarReolon
Terça-feira, 05 de fevereiro de 2019
Escrever com Imagens – O olhar de Leonid Streliaev
Um Presente ímpar receber o livro ‘RIO GRANDE DO SUL”, de Leonid Streliaev. Não há dúvidas que seu olhar é único, não só pelo estilo, marca de trabalho inscrita nesta e em outras obras, mas também pela singularidade do tratamento das fotografias.
RIO GRANDE DO SUL é edição especial, quase uma reunião de outros trabalhos em comemoração aos cinquenta anos de fotografia do artista e ao milhão de quilômetros rodados por este pelo estado que, como Leonid destaca, é “multifacetado, um mosaico de culturas formado por gente que trabalha”.
Este mosaico está presente na escritura de Leonid. Digo escritura, porque inscrição de uma assinatura do artista: a escrita em cada imagem, e há outras tantas imagens que são evocadas pela leitura que Leonid faz em seus enquadramentos.
O olhar do fotógrafo é tão multifacetado quanto a realidade do Estado: da paisagem natural ao retrato da gente, passando pela arquitetura, pela infraestrutura, pela gastronomia e as festas. Os destaques do Rio Grande do Sul estão ali, complemente ados por textos de personas daqui. Cabe destacar, no entanto, que as fotos de Leonid não precisam de complementos: falam por si.
GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA
MTb 15.241
segunda-feira, 3 de abril de 2017
Instituto Bruno Segalla e um novo tipo de Museu: O Museu Ativo
Sem repetições e sem nostalgia, o Instituto Bruno Segalla apresenta-se como referência em uma nova tipologia de Museus. Hoje, talvez, os museus devessem ser classificados conforme suas características internas e externas, de acordo com a relação que estabelecem com o que os cerca e àqueles que os visitam.
O Instituto Bruno Segalla, nesse sentido, inova à medida que se configura como um Museu Ativo. Tal qual uma Obra Aberta, no sentido exposto por Umberto Eco para conceituar a obra de arte contemporânea, aberta a uma pluralidade de sentidos, um Museu Ativo, na minha concepção (E CRIAÇÃO! – o conceito é meu!) é aquele que dá visibilidade ao passado valorizando a história e tornando as obras, não só universais como atemporais, mas que, ativamente, é contemporâneo (na acepção de Agamben), ou seja, estabelece uma relação com o presente, fazendo-se acontecimento, em movimento. Isso acontece pela união da expografia (a forma como se expõe) das obras de Segalla com ação educativa voltada à formação em estética de crianças.
Chegamos a esta conclusão pela leitura da obra Dossiê de Percurso – Instituto Bruno Segalla, publicada pela Editora Dublinense e recém saída da gráfica.A obra, além de possibilitar o conhecimento de um novo tipo de museu, sem poeira e “cheiro de naftalina”, presta contas àqueles que participam do instituto, bem como dá visibilidade a este em uma cidade que sempre valorizou o trabalho, porém ainda não o trabalho artístico, tal como este merece.
O Dossiê abre possibilidades, fica-se com um gostinho de quero mais. O Próximo caminho, sem dúvida, é uma outra obra, que catalogue os trabalhos de Bruno Segalla, articulando-os à biografia deste artista importante não só em Caxias do Sul, como no cenário gaúcho e mesmo brasileiro.
Guilherme Reolon de Oliveira
MTb 15.241