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performance

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A casa de andorinha (1983)

Salvador Dalí

73x92,2cm

Doação de Dalí ao Estado espanhol

domingo, 10 de novembro de 2019

Todo o Universo de VAN GOGH em VINCENT

  

Aqueles que conhecem nosso trabalho sabem que dedicamos pouco às performances. Pouquíssimas são as que consideramos. Intitulada VINCENT, a performance da Cubo 1  Cia de Arte, apresentada nesta quinta (07), durante o 10º Caxias em Movimento, surpreendeu. Principalmente porque materializa o conceito "performance": presentifica pela forma. 

 

Pela forma, pelos significantes expressos em movimento, em pequenas frases proferidas, o universo de Vincent Van Gogh é transfigurado. Gestos, olhares, sons, objetos remetem à vida pessoal e às obras mais representativas do icônico pintor holandês.

 

As lutas internas, a religiosidade, as cartas ao seu irmão Theo, o fato de  não conseguir retratar sua orelha na tela. Os girassóis (sementes), os corvos, o quarto, a penumbra do claro-escuro. Os excessos, os elementos repetitivos. Até mesmo uma irônica descrição da obra "Os Comedores de Batatas", numa clara demonstração da frieza dos historiadores de arte que, por vezes, se afastam da fruição e da expressividade.

 

         Excelente execução, delicada e sem exageros. Uma amostra de todo o simbolismo de Van Gogh (até mesmo nos figurinos - roupas e calçados (botas). Assim como os singelos livros-arte entregues à platéia durante a apresentação: emblemáticos. 

 

GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA

MTb 15.241

 

VERA MARTA REOLON

MTb 16.069

Terça-feira, 14 de maio de 2019

R.A.L.E. questiona o habitat contemporâneo

 

Comecemos por uma crítica pontual: não cabe classificar apresentações de performance como arte visual, teatro ou dança. Este foi o caso de R.A.L.E., apresentado na quinta (09.05), na sala Álvaro Moreira, integrante da programação do Palco Giratório 2019, promovido pelo SESC. Construída para questionar o tratamento destinado a um terço da população brasileira como apenas um mero corpo,  construído como um dispêndio de energia muscular, em meio à cidade desigual, a performance procurou mostrar que um dos maiores desafios é se sustentar perante o próprio corpo. 

 

Assim, o que se viu foi um feixe de sentidos: desde a solidão (mesmo diante do convite a percorrer caminhos juntos) até o auto-flagelo (sem reação daqueles que observam), passando pela abstração que se converte em concreto: a dança urbana aparece no movimento cotidiano do andar, do fugir, do esconder-se, do pular, ultrapassar, em um processo dialético entre a  vivência e o artificar, entre a vida e a arte.

 

A platéia, por outro lado, neste (e em outros casos), fica sem posição (contempla, passivamente, ou age?), tanto ao ver o performer traçar caminhos no chão (mesmo convidada fecha caminhos e não segue na construção) quanto ao assisti-lo na vida (ele olha para que o olhem, mas não tem esse retorno), no sofrimento (ele se joga no chão e, mesmo chocados, ninguém o acolhe) e na arte (só com um olhar-outro, ele faz uma conexão, e o espetáculo acaba).

 

Reflexo dos tempos contemporâneos?


Guilherme Reolon de Oliveira

MTb 15.241

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